[27/10/2008] • 8 comentários

"Aos Muçulmanos que querem viver de acordo com a lei do Sharia Islâmico foi-lhes dito muito recentemente para deixarem a Austrália, no âmbito das medidas de segurança tomadas para continuar a fazer face aos eventuais ataques terroristas. Aparentemente, o Primeiro Ministro John Howard chocou alguns muçulmanos australianos declarando que apoiava agências-espiães encarregadas de supervisionar as mesquitas da nação. Citação: OS IMIGRANTES NÃO-AUSTRALIANOS, DEVEM ADAPTAR-SE. É pegar ou largar! Estou cansado de saber que esta nação se inquieta ao ofendermos certos indivíduos ou a sua cultura. Desde os ataques terroristas em Bali, assistimos a uma subida de patriotismo na maioria do Australianos.A nossa cultura está desenvolvida desde há mais de dois séculos de lutas, de habilidade e de vitórias de milhões de homens e mulheres que procuraram a liberdade.A nossa língua oficial é o Inglês; não é o Espanhol, o Libanês, o Árabe, o Chinês, o Japonês, ou qualquer outra língua. Por conseguinte, se desejam fazer parte da nossa sociedade, aprendam a nossa língua!' A maior parte do Australianos crê em Deus. Não se trata de uma obrigação cristã, de influência da direita ou pressão política, mas é um facto, porque homens e mulheres fundaram esta nação sobre princípios cristãos, e isso é ensinado oficialmente. É perfeitamente adequado afixá-lo sobre os muros das nossas escolas. Se Deus vos ofende, sugiro-vos então que encarem outra parte do mundo como o vosso país de acolhimento, porque Deus faz parte da nossa cultura.Nós aceitaremos as vossas crenças sem fazer perguntas. Tudo o que vos pedimos é que aceitem as nossas e vivam em harmonia e em paz connosco.ESTE É O NOSSO PAÍS, A NOSSA TERRA, E O NOSSO ESTILO DE VIDA'. E oferecemos-vos a oportunidade de aproveitar tudo isto. Mas se vocês têm muitas razões de queixa, se estão fartos da nossa bandeira, do nosso compromisso, das nossas crenças cristãs, ou do nosso estilo de vida, incentivo-os fortemente a tirarem partido de uma outra grande liberdade australiana: O DIREITO de PARTIR. Se não são felizes aqui, então PARTAM. Não vos forçamos a vir para aqui. Vocês pediram para vir para cá. Então, aceitem o país que vos aceitou."

Só para reflectir....
o que sentem ao ler isto??

8 comentários:

Rafa disse...

Sinceramente? ...correndo o risco de parecer extremista...acho muito bem!! Estou um pouco farto de amuadinhos, por mais razões que por vezes possam ter...
Há que olhar prás coisas com olhos positivos e dá-me ideia que um pais perde a sua cultura no exacto momento em que modifica os seus actos e pensamentos para agradar às pessoas que pensaram que aquele podia ser um bom sitio para continuarem a sua vida...

senão vejamos..."olha..aquele pais é bom pra mim...não há guerra...não há violencia extrema...há educação...há um futuro"...e derepente, mesmo podendo rezar e manifestar a sua religião, acham ofensivo que as pessoas que construiram aquele pais desde sempre, mantendo hábitos e crenças de sempre, mantenham uma vida normal na demosntração e vivência da sua fé...é um pouco estranho não?

no meio de isto tudo há que ter ainda assim em causa os afrontamentos culturais e religiosos a que as minurias são muitas vezes sujeites...mas isso resolve-se com aplicação de lei, não com extreminar comportamentos vincados e caracterizadores de dada sociedade...

...no meu humilde e não entendido ponto de vista...gostava de ouvir outras opiniões..

Faby disse...

Sou dessa opinião e, simultaneamente, da contrária.

Por um lado considero que a manter esta tendência de hiper tolerância, em que temos todos de aceitar as especificidades culturais de cada um e que às vezes vão mesmo contra os valores/leis dos países de acolhimento (p.e. a circuncisão feminina, ou a possibilidade dos pais optarem pela
não administração de uma transfusão de sangue a um filho), caminhamos a grande velocidade para mais casos Kosovo. Imaginem esta situação em Portugal: um grupo ilegal de caboverdianos fixa-se numa das zonas históricas com mais riqueza do nosso país, imaginem por exemplo em Belém, e passado uns anos pedem a independência desse território. Agora imaginem, os Jerónimos, a Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimento, o CCB, o Museu da Marinha e tantos outros espaços a fazer parte de uma nova nação apelidade de Nova República de Cabo Verde ou qualquer coisa semelhante. Foi o que aconteceu no Kosovo.

Por outro lado considero que deve existir espaço para a diferença e para a multiculturalidade. Não concordo com a existência de crucifixos por cima dos quadros das salas de aula das escolas públicas, porque o considero como um desrespeito pela liberdade individual de cada um (quer seja português ou emigrante). Assim como não concordo com o facto de um casal de homossexuais não poder casar civilmente, etc...

Contudo, aquilo que mais me incomoda é que continuemos a falar de emigrantes, de individuos de origem africana, de angolanos ou de caboverdianos para nos referirmos a pessoas que nasceram no nosso país, que não conhecem outro país que não o nosso, que foram educados nas nossas escolas, que contribuem para o crescimento económico do país realizando os trabalhos que nós não queremos. Não lhes permitimos ter nacionalidade portuguesa mas queremos a obrigá-los a ser como nós? Despejamo-los em bairros sociais que funcionam como pequenas cidades estrangeiras à margem da grande cidade que é a nossa e achamo-nos no direito de lhes pedirmos que se integrem e nos aceitem quando sempre procurámos o afastamento, quando nunca permitimos que os nossos filhos e os filhos deles brincassem nos mesmos recreios e estudassem nas mesmas escolas?

Dá que pensar...

CL disse...

Olá.
Considero todas as opiniões válidas e interessantes...a minha faz-me lembrar da minha casa. Se eu convido um amigo a minha casa, como me devo comportar? E como devo esperar que ele se comporte? E caso o seu comportamento vá "contra as minhas expectativas", chegando ao ponto de ofender as minhas opções, dentro da minha casa, como devo reagir? Ou será que a minha casa não é um exemplo do que é a sociedade onde vivo? A minha individualidade não é contributo da sociedade onde vivo? E a sociedade onde vivo,não contribui para a minha individualidade? Julgo claramente que estamos perante relações biunívocas. Pelo que me permite certamente comparar com a minha casa...
No entanto, se o convido, e se lhe permito viver debaixo do meu tecto, não tenho de me adaptar também aos seus costumes e hábitos sociais? No entanto, quem deve fazer o equilíbrio das atitudes? Terei de tirar os meus símbolos religiosos ou políticos porque ofendem a liberdade religiosa e política do meu novo "vizinho", apesar de já lá estarem à tanto tempo? Ou é mais simples, uma vez que não está na sua casa, aceitar e compreender os meus símbolos e até mostrar-me os seus? Podíamos estar aqui tempos eternos a debater quem devia o quê...mas como estou na minha casa e na minha sociedade é hora de almoço, vou usufruir desses direitos e vou deixar-vos a pensar nisto tudo...

Cumprimentos

Elsa Gonçalves Francisco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mariana disse...

Olá

Gostei do mote para a discussão, numa altura em que cada vez há uma maior intensidade cultural...

Quando li o post do Fran, lembrei-me de um rapaz que conheci em apenas 3 dias, num fim-de-semana... Ele é são tomense, portanto, africano e esteve durante 4 anos no Irão a estudar na universidade, uma vez que o país dele tinha acordos com o Irão para intercambio de estudantes, mais precisamente na área do petróleo.

Entratanto, ele veio para Portugal para acabar o curso (acho que é isto) e já estava cansado e farto das coisas que se estavam a passar no Irão. Eu, curiosa por estar perante uma pessoa que conseguiu penetrar na cultura mulçumana, fiz-lhe imensas perguntas, muitas delas ligadas á discriminação, tanto racial, como religiosa... O que ele me disse foi que sentiu imensa discriminação. Mas eu perguntei-lhe "Mais do que em Portugal?" e ele respondeu-me "Mas em Portugal há discriminação? Eu não sinto nada"... O que ele me disse foi que, como era africano, chamavam-lhe todos os nomes que faziam lembrar noite e que muitos gestos que ele tinha para comigo (i.e. tocar-me no braço, levantar os polegares em sinal de "OK", etc.) nunca os poderia ter lá... Veio para Portugal e parece que foi o melhor que fez...

Nesta discussão, não podemos só olhar para nós. Acho que é uma relação de mea culpa. Acho que, mesmo em comparação com os países mulçumanos, somos bastante tolerantes e conseguimos receber pessoas de diversos backgrounds. Já repararam que dificilmente um ocidental poderá sobreviver em tais países? Porque é que nos temos de adaptar à sua vinda e eles mantem as suas tradições, cultura?

Vamos lá discutir sobre o tema :)

Beijinhos

Elsa Gonçalves Francisco disse...

estou a gostar de vos ler!
Esta questão fez-me lembrar o livro "Papalagui". Palavra que significa o "o branco", "o estrangeiro. E livro que conta como um chefe de tribo nos [brancos ocidentais] descreve ao seu povo.
para quem gosta de se questionar e reflectir acerca das razões para o seu poder ou não sobre os outros é um óptimo livro, que nos faz ver-nos como não imaginávamos que alguém nos pudesse ver.
neste tempo que é o nosso, parece-me que fundamentalistas ou extremistas não ajudam a evoluir e fazem a convivência amarga. Por outro lado a ausência de posições e regras bem definidas cria as condições para o abuso que não se pretende.
Concordo contigo Rafa mas acho que um pais não precisa de perder a sua cultura modifcando os seus pensamentos. Isto se não o fizer apenas para agradar quem o escolhe. Mas qualquer país pode enriquecer a sua cultura se modificar alguns dos seus pensamentos quando retira o melhor do que há nos que o escolheram.
Fabi colocaste-nos uma questão a temer no que diz respeito aos monumentos de Lx. É aqui que me parecem as regras muito importantes. E sim, o espaço à multiculturalidade deve existir sempre. Não queremos nós ser cidadãos do mundo?
Ah... e já agora o direito à liberdade de religião tb. [surge, então a típica frase que a minha liberdade termina onde a tua começa. portanto há que saber o limite da nossa para garantir que o outro pode ter a sua, dinamicamente falando, claro.]
Lestat a analogia que fazes com a casa parece óptima.
Na minha casa quem estabelece as regras sou eu com base no que me ensinaram a fazer e a ser. Contudo a minha casa está aberta a amigos que convido e a outros que aparecem sem ser convidados. Se qualquer um destes me afronta naquele que considero o meu espaço, mando-o embora e certefico-me que vai se tiver recursos para isso. Se cumprem as regras e me mostram que podem haver outras que seriam melhores convido-o a ficar mais tempo.
daqui surgem novas questões:
- Com base em que valores faço as minhas regras?
- Qual é o significado de afronta? e por extensão, o de liberdade?
- Quais são os meus limites na relação com o outro e na do outro comigo?
- e porque considero a casa como o meu espaço?

Bem, o que espero é que a posição australiana não tenha a razão política ou económica por trás. LOL.

A propósito há uma frase que gosto muito: "os estranhos são amigos que ainda não conhecemos"

Para quem quiser saber mais do famoso livro: [Fabi, o blog é teu?]
[http://fabi.blogs.sapo.pt/arquivo/457172.html]

Rafa disse...

Pessoalmente considero que a pluri-culturabilidade faz todo o sentido desde que nenhum dos lados tenha de se negar a si proprio nas suas acções, quando o embate de ideais e crenças é construtivo...

Se por um lado se pode ceder quanto a algumas apresentações de espaço, porque as crianças árabes, budistas, indus também aprendem na escola com os católicos...por outro lado não vejo lógica em colocar regras de vestir, por exemplo. Cada pessoa afirma-se como quer, através do que quer...Contudo, existe a necessidade de não negar a história e os hábitos de um dado pais ou região.

Considero por isso existirem duas coisas distintes, aoesar de interligadas. A conduta local, que deve ser tolerante, não preconceitosa e estar disponivel para aprender com a diferença. E a conduta nacional (politica e organizacional), que apoia e fomenta a integração e a manifestação da diferença, mas que não cai em extremismos para deixar à vontade os recem chegados.

Eu não estava a referir-me a pessoas nascidas cá...como por exemplo Angolanos e Cabo-Verdianos como falavam...para mim essas pessoas, tal como as outras, para bem e para mal, já caracterizam o nosso pais...não conhecem outro...logo não podem dizer que não "são de cá"...

para terminar...as pessoas que vão a minha casa têm liberdade para serem quem quiserem, e eu vou tentar compreender e "assimilar" a diferença deles para a minha evolução e desenvolvimento...até ao momento que me forçarem, sem que eu concorde, a estar em minha casa da maneira que mais lhes agrada..ai são "convidadas" a sair...à base do xuto no cu...é a minha casa...o meu espaço...se gostam de mim e do meu espaço, têm do respeitar..pela vivencia do quotidiano, as pessoas abituam-se e comformam-se, da mesma forma que o meu espaço também sofre algumas alterações da construtividade das relaçõe existentes...

acho que é "só"..desculpam o tamanho

Elsa Gonçalves Francisco disse...

a julgar pelo tamanho de todos os comentários que aqui estão este tema já assegurava uma tertúlia!
he he he:]**

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