[11/11/2009] • 5 comentários

Poderia começar este texto por dizer que a cor de Deus não é o preto. Preto, por definição, é a ausência de cor. E falar das cores de Deus implica a sua presença.

Em oposição poderia dizer que Deus é branco, que é a sobreposição de todas as cores. Como me é difícil definir Deus, quando o tento fazer tendo a querer que seja tanto que o torno num branco abstracto.

Tentando concretizar um pouco mais e recorrendo a uma imagem mais poética ou lamechas, poderia dizer que Deus tem as cores do arco-íris. Quando na sua paleta as mistura, pinta tudo o que quer.


A verdade é que não identifico Deus como detentor destas cores. Deus não há-de ter o preto, nem o branco, nem nenhuma das cores do arco-íris. Não as há-de ter só porque são as únicas que conheço.

Como poderei definir as suas cores? Fazê-lo seria atribuir-lhe limites. Limite é próprio do homem, não do Divino. Limitar é impedir à construção. Limitar dificulta a evolução, não potencia a transcendência e aumenta a distância da verdade.


Mas é como homem que me relaciono com, e em Deus. Assim será sempre. E é nos meus limites que terei de me transcender na sua relação. Por isto, embora não consiga definir as cores de Deus, tenho de procurar entender o poder das cores de Deus em cada um. Em cada um, sim! Em cada um, por cada um!

A cor dá vida, embeleza, identifica, caracteriza. Se conseguirmos sentir esta vida, esta beleza esta identidade e reconhcermos a verdade das nossas características então reconhecemos as cores de Deus em nós. Somos pessoas realizadas e felizes.

Nem sempre somos felizes! São muitas as razões que podemos apontar para tal fatalidade.


As cores de Deus são reconhecidas por nós em cada um de nós num misto de inter e intra-relações. Para as encontrar há que não ter medo de perguntar (com atitude humilde e verdadeiramente construtiva) antes de catalogar.

Não há que ter medo de nascer de novo, de voltar a olhar, a escutar, de renovar conceitos prévios em relação a nós e aos outros. Não há ter medo de aprofundar o poder que cada um tem em si. Não há que ter medo de viver.

As cores de Deus são as qualidades e tesouros que cada um traz. As cores de Deus são definidas pela capacidade de cada um fazer da sua qualidade uma mais-valia, na relação consigo, com os outros e com Ele.

Ter esta atitude humilde e perspicaz de estar em constante observação e questionamento em relação ao que nos faz pensar como pensamos, agir como agimos, ver como vemos é importante para nos conhecermos, para aceitarmos os outros numa perspectiva integradora e de autêntico respeito. É fundamental para que Adoremos Deus, amanado-O sobre tudo a que tantas vezes damos importância mas na verdade são apenas “coisas”.

5 comentários:

Visitante disse...

as cores de Deus são os gestos dos Homens.

Não sei é explicar esta frase se esses gestos forem "maus".

Luis Carlos disse...

Olá Elsa,

Concordo com a maior parte daquilo que tu comunicaste neste teu post, e assim o vivo.

Mas duas frases tuas ficaram a baloiçar na minha mente.

A primeira, "Limite é próprio do homem, não do Divino", concordo com a parte do divino, mas esta frase leva-nos a dizer que o Homem não é divino, o que para mim não é verdade, o Homem é Divino e portanto sem limites, esta compreensão do Homem com limites está baseada na visão em que nós somos o nosso corpo, mas nós somos mais que o corpo, o corpo tem limites, a mente e a alma não têm limites.

A segunda, “Nem sempre somos felizes! São muitas as razões que podemos apontar para tal fatalidade.”. Para mim, somos sempre felizes, mais, somos a Felicidade, podemos é sentir-nos felizes ou infelizes, e são muitas as razões para nos sentirmos infelizes, e uma delas é não sabermos Quem Realmente Somos.

Até já,
E continuação de boas reflexões,
Luís Carlos

Elsa Gonçalves Francisco disse...

Olá Luis,

desculpa pela demora na resposta. O tempo e a vontade de escrever não têm estado em sintonia.

Tenho dedicado algum tempo, em situações concretas, a pensar sobre as reflexões que fazes.

Concordo quando dizes que o homem é Divino. O homem é um ser prefeito (uma vez que é construído à imagem de Deus) e portanto maravilhoso.
Contudo, considero que o homem tem limites e que os limites são próprios do homem e não do Divino. Parece contraditório mas não é.
Os limites do homem não são só do seu corpo,são também do seu espírito. Estes limites são o medo (motivado por variados factores) que embora permitam ao homem a sobrevivência terrena, vão-nos (incluo-me) impedindo de nos transcender na relação com e em Deus.
E ao dizer Em Deus reforço que o homem é Divino.

Talvez este homem Divino deva ser escrito com letra maiúscula, uma vez que se trata de uma referência à humanidade. Será?

Em relação à felicidade parece-me que todos a temos disponível, mas nem todos temos em todos os momentos a capacidade de a alcançar. Quando isso não acontece, digo-me infeliz.
Considero que não sou feliz quando me sinto infeliz.

Deus também está sempre connosco. A minha capacidade para o Amar não é sempre constante. São muitas as vezes que o ignoro. Reparo que a maioria das vezes que o faço também ignoro parte de mim.

Até já e muito obrigada pelo contributo.
Aguardo mais reflexões.
Elsa**

Elsa Gonçalves Francisco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Elsa Gonçalves Francisco disse...

olá Visitante,

acrescento ao teu comentário:

... as cores de Deus são as razões dos gestos dos Homens!

Não sei explicar esta frase a partir do momento que considero essas razões más. Aí, questiono o meu olhar e a minha consciência de quem é Deus (em mim também).

Obrigada pelo contributo,

Enviar um comentário