Tirada num passeio à beira Mar (não é para quem quer, é para quem pode), foi uma das fotos que tirei que mais me fez pensar nos últimos tempos, por várias razões: Porque a garrafa está gasta, como se cansada, porque a corda está velha, como se frágil, e porque a corda frágil não larga a garrafa cansada e ambas se atiram às ondas só porque estas assim querem. E se afinal as garrafas forem pessoas? e as cordas os laços que as unem? E se as ondas não forem mais que a vida e as atribulações que esta teima em trazer?
Será que a garrafa está enjoada da ondulação da vida? Se está porque raio não partiu? Aliás, se está cansada, porque deixa que a corda a agarre, e a envolva? Será que a garrafa desistiu? Ou será que antes pelo contrário, foi por não ter desistido que ainda se encontra intacta e envolta pelos laços? Será que foi a ondulação que tornou a garrafa mais transparente ou será que foram os laços?
São muitas perguntas só para três objectos, eu sei, mas a verdade é que pensei muito nisto. Em como seria ser garrafa nas ondas, balançando juntamente com todos os laços que levo, atado umas vezes, ancorado outras, mas sempre intacto….e aí fiz a derradeira questão…porque estou ainda intacto se a maré teima em testar a minha resistência?
Primeiro disse que era simplesmente por eu ser bom…depois, talvez porque deus era um gajo porreiro…mas acabei por chegar à conclusão que nunca tinha equacionado…se calhar…só se calhar…foi a corda que, aparentemente frágil, me protegeu a cada embate, me impediu de ir longe demais, me manteve perto….e talvez por isso eu esteja mais transparente…mais real…
Afinal…a corda não está enrolada em volta da garrafa, afinal a garrafa não está presa na corda…se calhar…só se calhar…estão entrelaçadas…
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[04/02/2008]
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1 comentários:
"porque estou ainda intacto se a maré teima em testar a minha resistência?"
de outro modo a maré deixaria de testar a tua resistência...
e passarias a ser caco(s)
pedaços de uma história maior
e nem todas as marés são de azar
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