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Obviamente que tinha que escolher uma fotografia da minha estadia em Moçambique... Sei que parece doentia e, muitas vezes, maçadora a minha conversa sobre isto (ainda para mais nesta altura em que tento impingir rifas aos meus amigos... - ainda vem aí mais coisas-....), mas ISTO é a minha vida!
Apresento-vos o José. Não é Zé, é José.
O José tinha o sonho de ir para Portugal. Acho que foi impingido mais pelos adultos que se encontravam na mesma casa que ele, numa instituição contruída pela mão das Missionárias da Caridade, tal como tantos outros meninos e bebés, que padeciam de tuberculose e SIDA.
Virava-se para mim, com aquela lengalenga que lhe devem ter ensinado de querer pintar-se de branco ou até ser esfregado para ficar da cor da neve…
Se estávamos no mesmo sítio, corria para mim e pegava na minha mão, parecendo que já sabia que não nos iríamos encontrar outra vez, depois da minha curta estadia em Moçambique. Este ritual foi-se prolongando ao longo dos dois meses. Provavelmente devido à sua doença, por saber que nunca iria conseguir ser branco ou por ter noção do quão longe ficava Portugal de Moçambique para lá voltar outra vez…
Andava descalço, tal como todos os outros meninos, ao longo de toda a extensão da casa. Jogava futebol descalço, ia à horta descalço, limpava as mesas onde comiam descalço, … De vez em quando calçava os chinelitos, mas separavam-se com tanta facilidade do corpo do José. Mas a t-shirt… “Águas de Moçambique”, dizia na frente. Raramente o vi com outra. Notavam-se já algumas manchas e alguns buracos. Pareciam grandes amigos… E era bem maior que ele!
O José animava o meu dia, tal como todos os miúdos da idade dele que por ali estavam na casa. Desejava a hora para estar com eles. Era do melhor :)!Agora que lá vou regressar, não sei se o irei reecontrar. O José estava doente e é bem provável que faleça antes de lá chegar, como já aconteceu a muitos meninos que lá se encontravam.
Agora é a vossa vez....
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